tag:blogger.com,1999:blog-30404616767574748902024-03-05T09:46:18.628-08:00Em nome dos raiosDepois da estréia bem sucedida, em 2004, com o livro “Pedra retorcida” (Prêmio Braskem de Cultura e Arte), o poeta João de Moraes Filho publica “Em nome dos raios”, no qual dá continuidade à sua proposta poética – que é pautada numa poesia bastante pessoal que privilegia a síntese. José Inácio Vieira de MeloEm nome dos raioshttp://www.blogger.com/profile/07277461979281454960noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-3040461676757474890.post-49755173462617764352009-08-14T21:49:00.000-07:002009-08-14T22:24:48.152-07:00Capa<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj04R_yt2RrBx6O4SdEPCpwa1pHSbToDxXZohnXH1lhbXBo8OSpDK9zqHbJexNbWwdLtAFA9G_mCmEiS7aeQuouy4iMLj9XcfoMsf8wGh7uJnJVDzVVqwtDrjFOHFswLLM2CIX2G_u9bc8/s1600-h/Em+nome+dos+raios+-+capa.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370048727162030050" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 310px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj04R_yt2RrBx6O4SdEPCpwa1pHSbToDxXZohnXH1lhbXBo8OSpDK9zqHbJexNbWwdLtAFA9G_mCmEiS7aeQuouy4iMLj9XcfoMsf8wGh7uJnJVDzVVqwtDrjFOHFswLLM2CIX2G_u9bc8/s400/Em+nome+dos+raios+-+capa.jpg" border="0" /></a> <span style="font-size:85%;">Alexandre Gusmão</span><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigUMWKXwrSF3DTmInajW0Zh4V7fjXyWyYnkOKS7RUZnEMcChCEGEcj0bHzJtBrKwh_pYJguIBkNxrfWDBpMbwDVCNchkMVlS6HPbGnuq4PKS8VB825zSmZ8EACNYR2YGBExX4YIZYNJV8/s1600-h/CAPA.jpg"></a><br /><br /><br /></div>Em nome dos raioshttp://www.blogger.com/profile/07277461979281454960noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3040461676757474890.post-39106277137811084892009-08-14T21:46:00.000-07:002009-08-14T21:48:43.354-07:00Sumário<span style="color:#ffffff;"><strong>Apresentação<br /></strong><br /></span><span style="color:#ffffff;"><strong>Lírica<br /></strong><br /></span><span style="color:#ffffff;"><strong>Portuário<br /></strong>De olho na copa das árvores<br />Talismã<br />Antes do Silêncio<br />Riso violado<br />Inércia shakespeareriana<br />Solar dos arcos<br /><br /><strong>Em nome dos raios</strong><br />Pulsada Maior<br />Clarão<br />Sinfonia Nº 2<br />Procissão<br />Esmola cantada na Ladeira da Cadeia<br />Oração para Nossa Senhora da gota d’água<br /><br /><strong>Nesse ninho, nesse ninho tem um anjo...</strong><br />Pátria Amada<br />Ninar canções<br />Ritmo rebocado e gradeado<br />Viagem à Ordem de Horiz<br />Praça Aclamação<br />Um quadro<br /><br /></span><strong><span style="color:#ffffff;">Casulo rasgado<br /></span></strong>Em nome dos raioshttp://www.blogger.com/profile/07277461979281454960noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3040461676757474890.post-14659876483801063452009-08-14T21:42:00.000-07:002009-08-14T21:45:05.238-07:00A poesia em nome dos raios<div align="justify"><br /><br /><br />Já dissera a João de Moraes Filho (JMF): ele pertence a uma espécie de poetas que une o sentimento lírico da vida a uma retórica limpa, sua, muito particular. Na concisão, supera a maioria dos poetas raquíticos de sua geração. Quando curtos, seus poemas atingem a expressão final e suas possibilidades interpretativas por meio do cuidado na escolha dos vocábulos. Assim, não há nonsense e gratuidade – para não dizer ausência – de dicção<a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3040461676757474890#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a> poética, como acontece com a grande maioria de seus contemporâneos, que chegam mesmo às raias do absurdo, do grotesco, do mau gosto, de um “estilo” de quem não leu nem gostou da tradição da poesia com seus severos cânones. Ora, a poesia é, para falar como os semiólogos, um código fechado. Poucos têm acesso a ela. Os que têm, sabem que, sem trabalho árduo na alma da linguagem, de onde brotam os significantes casados com seus significados – seja para construí-los, seja para destruí-los (isso não tem importância), não acontece poesia.</div><div align="justify"><br />Nos poemas mais longos, de alcance épico, JMF liriciza sua dicção poética e corta as arestas do excessivo.</div><div align="justify"><br />Colhe a tradição da poesia do modernismo (como estética de época) e nela ingressa com sua contribuição individual, na atmosfera da contemporaneidade e suas conquistas, sem ceder a seus aspectos contraproducentes.</div><div align="justify"><br />Indicarei aqui algumas de suas influências, a par de sua contribuição pessoal. </div><div align="justify"><br />A questão da influência<a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3040461676757474890#_ftn2" name="_ftnref2">[2]</a>, controversa que se mostre, não pode ser ignorada. </div><div align="justify"><br />Os poemas de JMF expõem, para falar de um traço definido, a marca regional, com um laivo de pessimismo que chega a ser saudável, ainda mais se levando em conta que este livro é basicamente confessional. JMF transita entre a confissão explícita, e sua “confissão de dívida” para com poetas maiores do nosso tempo, como, por exemplo, Manoel Bandeira. Daí nos premia com o poema “Portuário”, embora num tom mais desolado.<br /><br />Tudo faz do tempo criança,<br />sorrindo. Nada impera<br />ou recria por trás da janela.<br /><br />Acreditar no tempo é colher jardins.<br /><br />Tempo fechado nos olhos;<br />sobrevive ao fogo, corre<br />nos quintais e nada espera.<br /><br />Aliás, é forte a presença da infância em JMF como em “Nesse Ninho, Nesse Ninho Tem um Anjo”, com uso do folclore infantil, como também ocorre com o poeta de “Evocação do Recife”. Mas não só. Reencontramos a face amada do poeta pernambucano em “Oração para Nossa Senhora da Gota D’Água”, que não é, certamente, a "busca do beijo ou da garganta aberta do inimigo” (do excelente poeta cearense Nuno Gonçalves, a quem é dedicado o poema). Quem não se lembraria de “.[...] de repente / nos longes da noite / um sino / Uma pessoa grande dizia: / Fogo em Santo Antônio! / Outra contrariava: São José! / Totônio Rodrigues achava sempre que era São José./ Os homens punham o chapéu e saíam fumando / E eu tinha raiva se ser menino porque não podia ir ver o fogo [...].”</div><div align="justify"><br />Evidente fica o seu amor à terra natal, inclusive intencionalmente retornando a poetas como o grande Gonçalves Dias, Vinícius de Moraes e outros tantos. Ver “Pátria Amada”.</div><div align="justify"><br />Além disso, frui-se o sabor da roça, da cidadezinha do interior em muitos dos seus poemas (v. “Procissão”), sem simplismos nem simploriedades como alguns de seus coetâneos de origem rural. Sua poesia, já na estréia, adquire uma expressão pessoal que certamente irá afirmar-se com o tempo. Em “Inércia Shakesperiana” percebemos o eco de Cassiano Ricardo em “Serenata Sintética” e de Jorge de Lima (“Nada / nada/ nadador”. Invenção de Orfeu). </div><div align="justify"><br />Seus poemas, suas leituras, sua formação literária e filosófica lhe permitem alçar mais altos vôos em alguns poemas. (V. “Praça Aclamação”). Seu cuidado com a escolha das palavras, o acabamento formal dos versos, de admirar talvez em poeta tão jovem, unem-se a uma reflexão sobre o tempo e muita vez a uma perturbação diante do destino humano. Volta-se para suas origens, sempre com o cuidado do aspecto formal no poema e com as preocupações existenciais do homem.</div><div align="justify"><br />Há uma profusão de imagens, criando sinestesias produtivas, como em “Antes do Silêncio”, poema relativamente longo, entretanto sem perder o fôlego: “O céu laranja no fim do dia / esquece o suor / do preto desse café, / tão esperado na chuva do sertão. // Homens rasgam a terra / traçada em nossas mãos / [...].// Soluça um menino calado, / entre nuvens, azul de fome, // despeja lágrimas suficientes / na cara do roçador / como areia presa na ampulheta [...].”.</div><div align="justify"><br />Explora as possibilidades fonéticas da língua, com aliterações e repetições, na atmosfera de um lirismo leve e puro (“Riso Violado”), como também, com sonoridades e ritmos cadenciados que lhe são traço diferencial em poemas como “Pulsada Maior”, “Ritmo Rebocado e Gradeado” – no qual a preocupação com o tempo, já assinalada, o atormenta (“[...] A vida, / um pavio riscado em nossas mãos”) e “Praça Aclamação”, para citar alguns.</div><div align="justify"><br />E o poeta JMF é um sedutor, encantador de serpentes – como o é todo artista, afinal. Basta ler o poema “Solar dos Arcos”, que exerce explicitamente essa prerrogativa. Ou dom.</div><div align="justify"><br />Para mim, o ponto mais alto do livro é este poema sem jaça, “Um Quadro”, que leva epígrafe de Soares Feitosa:<br /><br />ou quem sabe, algum retrato que vazou do cesto...<br /><br />um vestido vermelho<br />de outros portos tangia <br />os traços iluminados do rosto<br />em direção ao olhar da menina<br /><br />sonhada, levemente. Um laço<br />dividindo atenções com os cabelos<br />ensaiava algum desejo: sorria<br /><br />seus lábios tímidos dirigidos<br />àquela direção: onde estava um pincel;<br />um vermelho vestido no retrato, laço<br />de poeira desatado e suas versões.<br /><br />uma canção navegada.<br /><br />Eis aí o poeta João de Moraes Filho em seu livro Em Nome dos Raios.<br /><br /></div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="center"><strong><em>Maria da Conceição Paranhos</em></strong></div><div align="center"><strong><em></em></strong> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"><br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn1" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3040461676757474890#_ftnref1" name="_ftn1"><span style="font-size:85%;">[1]</span></a><span style="font-size:85%;"> O termo “dicção” é devedor ao excelente livro de Owen Barfield (Poetic Diction), em que o crítico fala de sua própria experiência de leitor. Ele percebe que o sentido conduzido pela “dicção poética” engendra uma mudança do estado de consciência habitual, permitindo ao leitor um tipo de experiência sob uma luz “nova e estranha”, diz ele. Essa mudança radical da imaginação estética assinala a passagem do plano da consciência imediata para outros planos, numa espécie de expansão da consciência pelo qual o ser humano experimenta o mundo e a arte.</span></div><div align="justify"><br /><a title="" style="mso-footnote-id: ftn2" href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3040461676757474890#_ftnref2" name="_ftn2"><span style="font-size:85%;">[2]</span></a><span style="font-size:85%;"> Os “modos de absorção, de transformação e de afastamento” de que nos fala Antônio Cândido em outro contexto, ao refletir sobre um dos temas axiais da Literatura Comparada, são processos inconscientes, decorrentes da leitura direta de um dado autor ou de sua absorção via outros autores que os leram.</span></div>Em nome dos raioshttp://www.blogger.com/profile/07277461979281454960noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3040461676757474890.post-15701462299631778012009-08-14T21:40:00.001-07:002009-08-14T21:40:58.619-07:00LÍRICA<div align="right"><span style="font-size:85%;">Não me guardo de amar-te até mais tarde,<br />quando o velho horizonte já se pôs,<br />à luz da vela ao mar, sob a penumbra<br />do cais do porto que deixei ao largo.<br /><br />Luiz Antônio Cajazeira Ramos<br />Outono</span></div><br /><span style="color:#ff6600;"></span><br /><span style="color:#ff6600;"></span><br /><span style="color:#ff6600;">Lírica<br /></span><br /><br /><br /> <br />grita baixo.<br />há uma voz rouca<br />sorrindo na janela.Em nome dos raioshttp://www.blogger.com/profile/07277461979281454960noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3040461676757474890.post-65727870508597041512009-08-14T21:31:00.000-07:002009-08-14T21:42:34.402-07:00PORTUÁRIO<div align="right"><span style="font-size:85%;">Escrevo e sei que a todo tempo houve outros,<br />Com estes aprendo e me comovo,<br />E mesmo que soçobre o barco num relativo naufrágio,<br />Me mantenho atento às perseguições do porto.<br /><br />José Carlos Capinan </span></div><div align="right"><span style="font-size:85%;">Inquisitorial</span></div><br /><br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-size:100%;color:#ff6600;">Portuário</span><br />À Teresa Farias</span><br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="color:#000000;">.............</span>Nada jamais continua<br /><span style="color:#000000;">.............</span>Tudo vai recomeçar.<br /><span style="color:#000000;">.............</span> Mário Quintana</span><br /><br /><br />Tudo faz do tempo criança,<br />sorrindo. Nada impera<br />ou recria por trás da janela.<br /><br />Acreditar no tempo é colher jardins.<br /><br />Tempo fechado nos olhos;<br />sobrevive ao fogo, corre<br />nos quintais e nada espera.<br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">De olho na copa das árvores</span><br /><span style="font-size:85%;">para Dr. Hugo Araújo<br /></span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="color:#000000;">.............</span>Nossas perguntas e respostas se reconhecem<br /><span style="color:#000000;">.............</span>como os olhos dentro dos espelhos..<br /><br /><span style="color:#000000;">..........................</span>Cecília Meireles<br /></span><br /><br />no tronco, está o Oco do Pau,<br />percebido há tempo;<br /><br />no homem, está o Oco do Pau,<br />agarrado ao tronco.<br /><br />atrás da mesa, um homem,<br />um tronco Oco de Pau.<br /><br />galhos por todos os lados<br />frondam a nítida criação.<br /><br />não é mais homem. É árvore<br />plantada na muda do homem<br /><br />e de sua mãe: a que ele conheceu,<br />ventando a beira do prato quente<br /><br />raspado pela sua alma alimentada.<br />as estações desse jardim aventuram<br /><br />folhas, raízes, frutos,<br />cada semente e teus olhos nítidos<br /><br />atravessando o tempo despido.<br /><br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Talismã</span><br /><br /><span style="color:#000000;">.............</span><span style="font-size:85%;">Eu sou os olhos do cego<br /><span style="color:#000000;">.............</span>e a cegueira da visão.<br /><span style="color:#000000;">..........................</span>Raul Seixas<br /></span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="color:#000000;">.............</span>É-se punido principalmente pela própria virtude.<br /><span style="color:#000000;">..........................</span>Nietzsche<br /></span><br />Os olhos avançam,<br />estão cansados e ardem,<br />fazem seu dever apenas:<br /><br />resgatam ardências reais,<br />salgam águas doces do sorriso<br />e alguns vermelhos<br />impregnados de rosas<br />e lágrimas em silêncio.<br /><br />Os olhos avançam, lacrimejam,<br />e não festejam senão aquilo<br />mais visto que modificado:<br /><br />audiências rítmicas do dia,<br />da noite, do verso, dos olhos,<br />iluminando nosso assombro cabisbaixo<br />encostado num poste<br />de luz caída na esquina.<br /><br />Os olhos avançam,<br />mas resta o sorriso<br />em seu devido lugar:<br /><br />nas noites endoidecidas,<br />na cara de quem passa<br />e não vê que tarda<br />avançar: olho no olho<br /><br />nos passos desse tempo<br />que se encosta em silêncio.<br /><br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Antes do Silêncio</span><br /><span style="font-size:85%;">para Jotacê Freitas<br /></span><br /><br /><br />O céu laranja no fim do dia<br />esquece o suor<br />do preto desse café,<br />tão esperado na chuva do sertão.<br /><br />Homens rasgam a terra<br />traçada em nossas mãos<br />e cismam que aquela raiz<br />vingue a outra estação.<br /><br />Soluça um menino calado,<br />entre nuvens, azul de fome,<br /><br />despeja lágrimas suficientes<br />na cara do roçador<br />como areia presa na ampulheta,<br /><br />escorrendo tempo certo<br />em cada lampejo esperado.<br />Mais um dia... de tarde,<br /><br />pássaros estalam rezas<br />a todos os Santos e Silvas,<br />a quem o Rosário entrega<br /><br />calendários, profissões diárias<br />e decisão divina. E a tarde<br />continua noite afora,<br /><br />sonolenta, de brilho fosco.<br />Tudo é um embaçamento da retina,<br />do não inquieto da mulher que passa<br /><br />abraçada e desfruta a fruta podre<br />caída da árvore da verdade<br />que se deixa existir.<br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Riso violado<br /></span><span style="font-size:85%;">Para Aline Mota<br /></span><br /><br /><br /><br /><br /><br />sigo<br />o risco<br />de teu riso<br />e rio<br /><br />à margem<br />da fotografia:<br /><br />breve nado<br />de correntezas<br /><br />em leve cais<br />na manhã<br />de alegria.<br /><br />sigo o risco<br />de teu riso<br />e rio, nado breve<br />de correntezas<br /><br />à margem<br />da fotografia.<br /><br />sigo o risco<br />de teu riso e rio.<br /><br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Inércia shakespeariana</span><br /><span style="font-size:85%;">A Damário Dacruz</span><br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="color:#000000;">.............</span>Na garupa de meu cavalo,<br /><span style="color:#000000;">.............</span>vem quem eu possa confiar.<br /><br /><span style="color:#000000;">..........................</span>Miguel Carneiro<br /></span><br /><br /><br />Nada<br />de<br />nada<br />por<br />nada.<br /><br />Quem<br />nada<br />sente,<br />nada<br /><br />em<br />mares<br />cálidos:<br /><br />se<br />nada<br />muda.<br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Solar dos arcos</span><br /><span style="font-size:85%;">Para Alexandre Gusmão<br /></span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="color:#000000;">.............</span>Os homens nunca chegavam a algum lugar,<br /><span style="color:#000000;">.............</span>mas iam eternamente em busca de,<br /><span style="color:#000000;">.............</span>pois não queriam nem suportariam<br /><span style="color:#000000;">.............</span>entender a verdade do lugar nenhum.<br /><br /><span style="color:#000000;">..........................</span>José Inácio Vieira de Melo<br /></span><br /><br />Espia ...<br />A onda varre as sombras<br /><br />dos coqueiros na beira<br />da Praia de Tatuapara.<br /><br />Nada comparado<br />ao beija flor parado,<br /><br />no centro de uma janela,<br />olhando, como nós,<br /><br />as pegadas assanhadas<br />que passam por ali,<br /><br />onde vão as estrelas<br />caídas do céu; ainda<br /><br />plaina o beija flor,<br />livrando-se de liberdades<br /><br />deixadas no rastro de algum outro<br />em permanente busca de si.Em nome dos raioshttp://www.blogger.com/profile/07277461979281454960noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3040461676757474890.post-37940609585290487792009-08-14T21:22:00.000-07:002009-08-14T21:30:37.452-07:00EM NOME DOS RAIOS<div align="right"><span style="font-size:85%;">Talvez quando a noite acenda<br />o vasto farol do dia<br />já estarei apagada.<br /><br />Maria da Conceição Paranhos<br />Ausência</span> </div><p><br /><span style="color:#ff6600;">Em nome dos raios</span><br /><span style="font-size:85%;">A Oya Balé<br /></span><br /><br /><br />a chuva escorre.<br />leva palitos de fósforo<br />à esquina. canoas,<br />por onde vai o canto<br />da calçada.<br /><br />deságua nas panelas<br />suas melodias caídas do telhado,<br /><br />um samba doido<br />batucado com os trovões.<br /><br />chove. espelhos e santos<br />cobertos com pano branco<br />e tradição. a chuva enfraquece;<br /><br />não seremos punidos. o canto,<br />santo remédio, cura do silêncio,<br />assusta a maldição, o vento<br /><br />descobre os embuços...<br /><br />partiu a chuva com os passos<br />daquela nuvem<br />inscrita nas rugas,<br /><br />e a imagem e a semelhança<br />perdidas em algum céu.<br /><br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Pulsada Maior<br /></span><span style="font-size:85%;">para Mestre Cláudio<br />e Angoleiro Fufuta<br /></span><br /><br /><br />Cantigas de Angola<br />rodeadas de palmas<br /><br />soando na voz do Ogã;<br />e dando no coro,<br /><br />a noite toda é esticada<br />no soluço do Samba<br /><br />que toca na palma<br />o sertão,<br />zunido de vento<br />cortando silêncio<br />sem lágrimas, sem nada,<br />nos olhos infantes<br />que nos desejam cru.<br /><br />Mas um raio que não cai<br />por acaso do céu desnudo<br />de estrelas e paraísos, traça<br />claramente cada anil despedaçado<br /><br />e com palmas pulsar. Pulsar.<br />Pulsar... esparramando<br />o risco das mão.<br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Clarão</span><br /><span style="font-size:85%;">para Pedro Blás Julio Romero<br /></span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="color:#000000;">......................</span>El viento arrastra el vacío de los ojos.<br /><span style="color:#000000;">..........................................................</span>Lucía Estrada</span><br /><br /><br />I<br />cai a pedra que em si<br />finda:<br /><br />II<br />prima o sol.<br />( ... )<br />enfim,<br />se dorme.<br /><br />III<br />os véus se rasgam ,<br /><br />IV<br />um sangue<br />abotoa-<br />se em folha<br />branca<br /><br />calada.<br /><br />V<br />pouco importa<br />o canto,<br /><br />descobre-se<br />a lágrima.<br /><br />VI<br /><br />o vento enxuga<br />olho por olho<br />e voa.<br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Sinfonia Nº 2<br /></span><span style="font-size:85%;">Ao Poeta Alberto Rabelo, in memoriam<br /></span><br /><br /><br />alguns homens varrem a feira<br />pisada no chão do mercado.<br />outros soluçam o último tostão<br />gastado na dose de cana que ainda<br /><br />resta em nossa cor. Outros são felizes,<br />sendo outros, em cada vão das cidades,<br />enquanto algum míssel esbarra no sorriso<br />arrancado por um palhaço em algum circo lotado.<br /><br />as missas e os cultos ocultos afirmam o fim.<br />os galos da aurora tardam cantar; e amanhã<br />é depois. e depois de amanhã não será futuro<br /><br />nem presente. Apenas um brinde.<br /><br />o firmamento decide, circula, coroa,<br />mas nenhuma mesa redonda assenta<br />a ira do homem, bicho torto feito no canto.<br /><br />mesmo deixado na sinfonia do sábado,<br />insiste um sopro, uma dança universal.</p><p> </p><p> </p><p><span style="color:#ff6600;">Procissão </span><br /><br /><span style="color:#000000;">...................</span><span style="color:#000000;">...</span><span style="font-size:85%;">Seja qual for o certo,<br /><span style="color:#000000;">......................</span>Mesmo para com esses<br /><span style="color:#000000;">......................</span>Que cremos serem deuses, não sejamos<br /><span style="color:#000000;">......................</span>Inteiros numa fé talvez sem causa.<br /><span style="color:#000000;">............................................</span>Ricardo Reis</span><br /></p><p><br />Desponta na esquina<br />a imagem padecida<br />da Virgem do Rosário.<br />Vai carregando só,<br />seus milagres azuis<br />desejando os meus,<br /><br />clamando pelo Deus<br />esquecido no eu<br />com coração em punho.<br />Mesmo assim, compassa<br />esse desejo fosco<br />espiando os teus<br /><br />milagres aguardados,<br />andando pela rua<br />que vejo cá de perto.<br />Arrancando sorrisos,<br />profano e sagrado guardam,<br />divinamente vivos,<br /><br />heranças esquecidas<br />nas ruas adormecidas<br />pelo tempo Heróico.<br />Segue na correnteza<br />o Rosário rezando<br />para os rios que partem:<br /><br />Paraguaçu adentro.<br />Nos Portos ancorados<br />se resumem histórias<br />margeadas de Áfricas<br />em estado de aves<br />cantando nos jardins.<br /><br />Nossa Senhora passa,<br />repassa lá na fé<br />arrancada de nós;<br />despelada, sem cor,<br />esquecida no eu<br />com coração em punho.<br /><br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Esmola cantada na Ladeira da Cadeia<br /></span><br /><br /><br />caminho<br />a ladeira<br />da cadeia,<br />trançando<br />melodias<br /><br />na dança<br />da esmola<br />cantada;<br /><br />cabeça<br />de negro<br />enladeirada,<br />toca<br />na pele<br />das ruas<br /><br />o grito<br />do peito<br /><br />e o amém<br />arrancado<br />das mãos.<br /><br />depois<br />de tudo<br />– iniciado<br />no canto –<br /><br />rodas<br />deixadas...<br /><br />e um caminho<br />de pedras.<br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Oração para Nossa Senhora da gota d’água<br /></span><span style="font-size:85%;">para Nuno Gonçalves<br /></span><br /><br /><br />nos olhos<br />mudos,<br /><br />o<br />lixo<br />goteja<br />surdo<br /><br />preso<br />na chuva<br />do céu.<br />– meu divino São José!<br /><br />o<br />bicho<br />deseja<br />tudo,<br /><br />o<br />bico<br />fareja<br />mudo<br />– meu divino São José!<br /><br /><br />– meu divino São José,<br />arranca<br />do olho<br />mudo<br /><br />a gota<br />pecada<br />do mundo<br /><br />presa<br />na chuva<br />do céu!– meu divino São José! </p>Em nome dos raioshttp://www.blogger.com/profile/07277461979281454960noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3040461676757474890.post-73256311644423119142009-08-14T21:13:00.000-07:002009-08-14T21:21:37.675-07:00NESSE NINHO, NESSE NINHO TEM UM ANJO...<div align="right"><br /><span style="font-size:85%;">Não leio o poema como o azul dos olhos<br />nem vejo as naves como a luz do ocaso<br />nada transformará lágrimas em frutos<br />nada redimirá as faces desbotadas.<br /><br />Florisvaldo Mattos<br />Zoológico</span><br /></div><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Nesse ninho, nesse ninho tem um anjo...</span><br /><br /><span style="font-size:78%;"><span style="color:#000000;">.................</span>Verei, veremos, um dia,<br /><span style="color:#000000;">.................</span>Que a vida é vento...<br /><br /><span style="color:#000000;">.................</span>E que somos cisco,<br /><span style="color:#000000;">.................</span>E que ninguém<br /><span style="color:#000000;">.................</span>Nos pega pelo bico...<br /><br /><span style="color:#000000;">.................</span>Que só há ar em volta....<br /><span style="color:#000000;">.................</span>Nada além disso.<br /><br /><span style="color:#000000;">............................</span>Mayrant Gallo</span><br /><br />uma lata de lixo<br />resume a criança<br />esquecida sob o viaduto.<br /><br />numa lata, um soluço<br />engasgado de quem sorri<br />escancarado e sem atenção<br /><br />nessa rua chuvosa.<br />uma lata, estrume e criança.<br />escuta. Ela chora.<br /><br />chuva, pega essa criança<br />que parece uma careta.<br />brincadeira de ciranda<br /><br />se refaz em lágrimas,<br />e chove. Ela chora, escuta.<br />uma lata esquecida sob o viaduto.<br /><br />escancarada e sem atenção.<br /><br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Pátria Amada<br /></span><span style="font-size:85%;">para João Vanderlei de Moraes<br />e Victor Melo de Moraes</span><br /><br /><br /><br />Não trato palavras.<br />Como ar fresco, utilizo-as,<br />soprando a liberdade do teu nome.<br /><br />Verás que teu filho não some,<br />nem teme a paz de um futuro risonho.<br /><br />Aqueles passos esquecidos<br />em nossas mãos trançam<br />o que somos.<br /><br />Desculpe teu filho, pátria,<br />se ele ainda não completou a volta ao mundo<br />e despregou os olhos de ti.<br /><br />Os soldadinhos de chumbo,<br />estão cansados de fingir guerra,<br />prometem nos jogar aos anjos.<br /><br />Ainda não completamos<br />a volta ao mundo, mas ouçam:<br />todos esses olhos<br />são apenas espectadores.<br /><br />Nossa pátria, nossas palavras:<br />Nossa vida, nossos amores:<br />o que somos?<br />Um sorriso escancarado de alguma boca?<br /><br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Ninar canções<br /></span><br /><br /><br /><br /><br />Tanta primeira vez<br />Fuzilando lembranças<br />De quando um sonho era tudo.<br /><br />E reinavam gnomos e mulas<br />Sem cabeça, desenhando<br />Grandes vôos<br /><br />Na permanência da vida<br />Que nos refaz continuar.<br />Onde guardamos a primeira<br /><br />E a última sentença<br />De quando tudo era um sonho<br />Como este frente ao mar,<br /><br />Revolto, espantando pássaros<br />E o azul para outros olhos?<br />Aqui, aguardamos harmonias<br /><br />Sem dó. Não dura mais que um dia,<br />E só, quando tudo é um sonho,<br />Desfazemos sentenças<br /><br />Que nos refaz continuar<br />Nas ondas, nos passos<br />Pisados com vontade<br /><br />No caminho desses dias<br />Levados por aquela nuvem<br />Que nos desenha. Dessa vez,<br /><br />Acordaremos todos juntos<br />E não haverá fugas<br />Para outros desatinos.<br /><br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Ritmo rebocado e gradeado<br /></span><span style="font-size:85%;">Viridiana Apart.. 308</span><br /><br /><br /><br />Lágrima este dia, pai,<br />que só choverá domingo!<br /><br />Amanhã é depois.<br />Tardes e não verás o sol.<br />Noite estrelada? Como?<br /><br />O olho mágico alcança<br />apenas uma estrela:<br />a que me chega do outro<br />lado da porta vazia?<br /><br />Será mesmo dia, será?<br />Do mesmo jeito, atônito,<br />descompassado, final,<br />não importa. o carteiro<br />orkuta atrás da porta.<br /><br />Só cartas, selos, indicam<br />o paradeiro visível.<br />Dias puramente partidos<br />em andares comodados,<br />de baixo pra cima: portas<br />fechadas: segunda, terça,<br /><br />quarta, quinta; sexta: abre-se<br />libertando cheiros livres,<br />descendo escadas curtas;<br />sábado, domingo: chega!<br />que ninguém rotina, tá!<br /><br />1 + 2 + 3 vazios<br />enchem difíceis colunas<br />cheias de concreto. Vazios<br />os corpos; desejos puros<br /><br />em cômodos vazios, partem;<br />pendulam tempo à vida.<br />Amanhã é depois, pois.<br /><br />O presente será só<br />o futuro amanhã?<br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Viagem à Ordem de Horiz<br /></span><span style="font-size:85%;">Ao confrade Cleberton Santos<br /></span><br /><br /><br /><br />Uma casa esturricada<br />enfeita caminhos erguidos<br />na secura da terra, mãe<br />da vida quando socorrida<br />da sede que racha sertão<br />e toda pedra atirada.<br /><br />Aquela casa ia sozinha,<br />vitoriosa; tangia-nos<br />vestindo o caminho do sol<br />arrancado de nós. Estrada,<br />assim ia, nas tardes, nas tardes.<br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Praça Aclamação<br /></span><span style="font-size:85%;">A Carlos Machado<br /></span><br /><br /><br /><br />Alguns preferem um<br />ou dois poemas de sentido oculto<br />e morte discreta. A Câmara<br /><br />capta suas lições de incertezas,<br />enquanto dois poemas<br />escancaram percepções.<br /><br />Distintos como os lados cerebrais,<br />enxergam<br />o osso do nada sem vexame,<br /><br />como quem se vê na margem de cá<br />da página virtualizada.<br /><br />Outros preferem um<br />ou dois poemas de sentido discreto<br />e morte oculta.<br /><br />O rio, esse ponteiro louco<br />que avança para morte,<br />é uma estreita estrada que sobe o morro<br /><br />de nosso peito pulsando<br />cada fase da lua. A vida,<br />um pavio riscado em nossas mãos.<br /><br />Cachoeira, 25 de Junho de 2005.<br /><br /><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Um quadro</span><br /><span style="font-size:78%;"><span style="font-size:85%;">ou quem sabe, algum retrato que vazou do cesto...<br />Soares Feitosa</span><br /></span><br /><br /><br />um vermelho vestido<br />de outros portos tangia<br />os traços iluminados do rosto<br />em direção ao olhar da menina<br /><br />sonhada, levemente. Um laço<br />dividindo atenções com os cabelos<br />ensaiava algum desejo: sorria<br /><br />seus lábios tímidos dirigidos<br />àquela direção: onde estava um pincel;<br />um vermelho vestido no retrato, laço<br />de poeira desatado e suas versões.Em nome dos raioshttp://www.blogger.com/profile/07277461979281454960noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3040461676757474890.post-38474347969863615722009-08-14T21:06:00.000-07:002009-08-14T21:22:35.683-07:00CASULO RASGADO<div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;"></span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right">Lo eterno está siempre ocurriendo<br />ante tus ojos<br />Vivo y opaco como una piedra<br /><br />Y tú debes pulir esa piedra<br />hasta hacerla un espejo en que poderte mirar<br />mirándola<br />Pero entonces el espejo ya será agua y escapará<br />entre tus dedos<br />Lo eterno está siempre en fuga ante tus ojos<br /><br />Rômulo Bustos Aguirre<br />Lo eterno</div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="left"><span style="color:#000000;"></span></div><div align="left"><span style="color:#000000;"></span></div><div align="left"><span style="color:#000000;"></span></div><div align="left"><span style="color:#000000;"></span></div><div align="left"><span style="color:#000000;"></span></div><div align="left"><br /><span style="color:#ff6600;">Casulo rasgado<br /></span><br /><br /><br /><br /><br />Arranque a coragem<br />do medo,<br />erga-a gargalhando ares<br />de segredo.<br /><br />Mesmo sem a beleza<br />das unhas feitas,<br /><br />invada os mares<br />sorrindo<br />a leveza da flor<br />punindo<br /><br />pedaços quebrados<br />do medo:<br />asas arregaçadas<br />de borboletas<br />no peito se abrindo,<br /><br />pousadas.</div>Em nome dos raioshttp://www.blogger.com/profile/07277461979281454960noreply@blogger.com0